Lesões por Esforços Repetitivos: Um Acidente de Trabalho Silencioso no Brasil

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As Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também conhecidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), são consideradas um problema de saúde pública mundial desde o ano 2000. No Brasil, essas lesões são reconhecidas como doenças ocupacionais, sendo equivalentes a um acidente de trabalho. Apesar de se desenvolverem de forma lenta, seus efeitos podem ser devastadores para os trabalhadores e para as empresas. Neste artigo, abordaremos as causas, tratamentos e cuidados essenciais para prevenir essas lesões.


O que são LER/Dort e como surgem?

As LER/Dort são provocadas por movimentos repetitivos, posturas incorretas, ausência de pausas e esforços excessivos durante a jornada de trabalho. Embora a digitação intensa seja uma das causas mais comuns, outras atividades como tracionamentos, içamento de pesos e posições inadequadas também podem desencadear essas lesões.

Segundo Leonardo Mauad, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação em Desempenho Funcional da Faculdade de Medicina da USP, os tipos de LER podem afetar diferentes partes do corpo, incluindo ossos, músculos, tendões, nervos e vasos sanguíneos. As áreas mais atingidas costumam ser os membros superiores — como ombros, cotovelos e punhos —, mas os membros inferiores, como quadris, pernas, joelhos e tornozelos, também estão sujeitos a esses problemas.


Sintomas mais comuns das LER/Dort

Os sinais de LER podem ser facilmente confundidos com outras condições musculoesqueléticas. Entre os sintomas mais frequentes, destacam-se:

  • Dor persistente nas áreas afetadas;
  • Dormência e formigamento;
  • Fraqueza muscular e fadiga;
  • Sensações de choque ou agulhadas;
  • Perda de sensibilidade mesmo sem realizar movimentos repetitivos.

Como esses sintomas geralmente se intensificam com o tempo, muitas pessoas só percebem a gravidade da lesão quando ela já está em um estágio avançado, dificultando o tratamento.


Tratamentos para LER/Dort: Da ergonomia à cirurgia

Conforme explica Leonardo Mauad, os tratamentos para LER variam conforme a gravidade do caso. Entre os principais tratamentos estão:

  1. Ajustes ergonômicos:
    Adaptar o posto de trabalho para proporcionar uma melhor condição postural, evitando que o corpo se adapte às demandas do trabalho de forma inadequada.

  2. Fisioterapia e terapia ocupacional:
    Essas abordagens ajudam a recuperar os movimentos comprometidos e reduzir a dor, além de proporcionar orientações para prevenir novas lesões.

  3. Ergonomia participativa:
    Segundo Mauad, a ergonomia participativa tem mostrado os melhores resultados, pois envolve o trabalhador nas decisões sobre maquinário, escala e condições do ambiente, promovendo educação e conscientização sobre práticas seguras.

  4. Intervenções cirúrgicas:
    Em casos mais graves, a cirurgia pode ser necessária para corrigir danos estruturais e permitir a reabilitação e o retorno ao trabalho.


Prevenção: A importância das pausas e da mudança de postura

A prevenção é a melhor forma de lidar com as LER/Dort. Entre os cuidados recomendados estão:

  • Pausas regulares: Promover intervalos para relaxar a musculatura utilizada durante o trabalho.
  • Alternância de posturas: Se você trabalha sentado, tente levantar-se durante as pausas. Se trabalha em pé, aproveite para se sentar por alguns minutos.
  • Conscientização e treinamentos: Investir em treinamentos ambientais e ergonômicos para a equipe pode reduzir significativamente os riscos de lesões.

De acordo com um artigo publicado em 2024, o Brasil registrou mais de 34 mil casos de LER entre 2018 e 2022. Dessas ocorrências, 45,9% dos trabalhadores precisaram se afastar e 82% relataram dores associadas ao trabalho repetitivo.


Um alerta para empresas: a importância da conformidade ergonômica

Além de garantir o bem-estar dos funcionários, investir em ergonomia e treinamentos é essencial para que as empresas evitem processos trabalhistas, multas e prejuízos com afastamentos. A Norma Regulamentadora do Ministério da Saúde estabelece diretrizes para manter o ambiente de trabalho seguro e ergonômico.

Empresas que adotam práticas de conformidade ergonômica não apenas garantem a saúde de seus colaboradores, mas também demonstram um compromisso real com a sustentabilidade social, promovendo um ambiente de trabalho mais justo e saudável.


Conclusão: A saúde do trabalhador é um investimento, não um custo

Reconhecer a importância de prevenir e tratar as Lesões por Esforços Repetitivos é essencial para qualquer empresa que valorize seus colaboradores. Investir em ergonomia, treinamentos e conscientização é um passo crucial para garantir um ambiente de trabalho mais produtivo, seguro e saudável.

📌 Se sua empresa precisa de orientações sobre ergonomia e práticas sustentáveis, fale conosco! A saúde dos seus colaboradores agradece.

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